terça-feira, 15 de outubro de 2013

Enraivecida me confesso

hoje fui exposta a niveis tóxicos de radioactividade, leia-se raiva. Raiva daquela de espumar pela boca.
Quando o cansaço acumula, a paciência diminui significativamente...
Preciso cuspir estas palavras, continuo a sentir o meu cérebro reptiliano a apoderar-se da minha inteligência,
Ora bem cá vai, sem repressão, em bruto:
fui buscar a maior à escola para ir à natação. Sentada se levantou, peguei na mala e apressámo-nos a sair. Fixada num maldito peluche (um tigre) que apelidou de dara, diz-me que não quer ir. Que é chato e quer ir pra casa. Bom, tentei distrair-lhe do peluche até porque tudo já estava planeado e traçado até ao pormenor mais ínfimo: deixo mala da escola na garagem, pego na mochila natação, vamos de bicicleta, dispo-a, visto-lhe o fato de banho, vou espreitá-la às bancadas, saio para ir buscar a irmã e em pouco menos de 10 min regresso ainda com bastante tempo de ir fazer sauna nas bancadas com a irmã antes de a apanhar para vestir e sair. Hoje seria diferente, seria diferente porque eu tinha que sair para trabalhar e portanto seria o pai a ir apanhá-la no final da aula. Passava o testemunho e punha-me a milhas.
Pois aquele maldito pelucheeeee. ahhhhhhhhh, apetece-me ainda come-lo à dentada: teimou que queria levar o peluche para a aula, disse-lhe que assim ia ficar todo molhado, que seria melhor ficar comigo e que não se preocupasse que eu cuidava bem dele! Apanhei a mala e deixei-a na recepção com indicação que seria o pai a ir vesti-la.
Vou à bancada, chamo por ela e faço-lhe um grande aceno, eu e a m**** do peluche. Começo a vê-la fixada em mim, a não ligar nada ao professor... estou longe, mas tinha oculos e notei tensão na cara dela, parecia que estava a chorar... mas não podia ser....até porque depois disse-lhe alto e bom som que ia buscar a irmã e acenei-lhe um até já, ao que me retribuiu...
Pego na bicicleta, enfrento uma nuvem nojenta de fumo de queimada (tudo a correr bem senhores) e vou ao JI da outra. Mal chego à sala, ouço o telemóvel a tocar. Não conheço o nr, mas atendo: dizem-me do outro lado: fala das piscinas municipais, é a mãe da C? Bom, eu acho que azulei, amareleci, não sei com o susto que apanhei..pensei que tivesse acontecido alguma coisa... um acidente! NÃO! Era a perguntarem-me onde eu ESTAVA, porque a menina estava num ataque de choro a chamar pela mãe.... SIM, A chorar pela mãe!!!! Quando eu tinha lhe explicado todos os passos, TUDO o que ia acontecer, aliás como já é habitual. A coitadinha da irmã, como sempre é um fantoche, leva-se como uma maravilha, e eu completamente aflita para chegar às piscinas, nem um minimo de atenção lhe dei, coitadinha....
Chego, não sei como não me espalhei com o cortisol a derreter nos meus poros. Entro na bancada e vejo-a na piscina a ser consolada pelo professor. Coitado nem deu aula de jeito, por causa das neuras da miuda.
Veio de mão dada com o salva vidas, roxa de tanto chorar. Senti uma furia tão grande dentro de mim, só me apetecia sei lá o quê. Eu, que tinha que ir trabalhar... Lá vou disparada para os balneários vestir-lhe. Não aproveitou nada da aula, a parva que sempre que entra na aula, está aos saltos, completamente nas tintas para mim....
Dou-lhe um sermão, é mais forte que eu, entrego-a ao pai e saio disparada para o trabalho.
Quando chego a raiva ainda me escorre pelo corpo, só de me lembrar do drama, do telefonema, das loucuras que esta miuda me arma com estas sensibilidades neuróticas, com estas fixações, com estas inseguranças todas, esta falta de habilidade social, esta ansiedade.
Depois diz ao pai que  as aulas são aborrecidas, que faz sempre o mesmo e que está muita confusão! 6 miudos! Confusão? É um bichinho do mato que quando é contrariado acopla-se no mundo dela, nas fantasias, disfarces e monologos.
Como lidar e acompanhar esta criança? Não há psicologia que me valha, não há disciplina positiva, construtiva, criativa....Cansada me confesso.
Não sei se quero travar esta luta da natação. Vou aguardar 6ª feira, para ver se isto foi um caso pontual.
Vamos mais cedo para puder mergulhar e nadar e conseguir fazer as suas brincadeiras livres antes começar a aula. Até já tinha pensado que às 3ªs feiras sp que não tivesse compromissos, ia com ela nadar, uma forma de fazer alguma coisa pelo meu corpinho e espirito, agora já não sei.
Também lhe disse que, se não quer, que pense numa menina para dar todas as coisas que lhe comprei para a natação, alguma menina que goste e os pais não possam dispender desses €. Sei que não é o correto, mas foi o que vomitei. E bonecos: minies, daras e afins não saem de casa, porque quando saem, é um dessassossego completo.
Sei que depois de dormir, amanhã o cenário será outro, mas por agora mereco sentir, não sou de ferro, preciso canalizar estes sentimentos que me minam o corpo para outras coisas, sinceramente já me vi em dias melhores.


5 comentários:

Dina disse...

Bolas amiga tem calma contigo. Isso esta feio. Mas se ela acha aborrecido e não lhe apetece mais vale não fazer. è que brincar na agua descontraída é uma coisa e aula de natação fazendo o que o professor dita é outra - de certa forma é mais escola. Talvez seja o caso de a libertares dessa "obrigação".

Beijinhos calma tu dás conta.

mikasha disse...

Hoje também estou em dia não.
Obrigada por estares aqui, Carla. As tuas palavras, os teus desabafos, fazem-me tanta companhia... neles encontro muitos reflexos daquilo que e a minha vida e a minha forma de ser.
Um beijo

Mikas

Carla disse...

pois não a quero obrigar, por isso espero agora com mais calma até 6ª feira para ver o que vai dar.
bjo grandedina

Carla disse...

Mikas, há quanto tempo! está tudo bem contigo? e as tuas crias?
Eu não sou de ferro e às vezes passo-me da cabeça ;), mas tb sei que isto acontece sempre que estou mais cansada, é o corpo a querer ser escutado. Bjos grandes

La Piriguete disse...

Por aqui não são os bichos, mas a chucha, quando se dá conta que ninguém a trouxe...ai ai ai!!
beijinhos