quinta-feira, 14 de março de 2013

na busca da perfeição

Ora bem! Se perguntar à mais velha o que mais gosta de fazer na escola, ela responde que são os trabalhos que a educadora lhe dá para fazer. É organizada, obediente e sempre atenta ás instruções que lhe são dadas pelos educadores. É, elogiada por todos por ser disciplinada e gostar de fazer tudo bem feito.
Enquanto os colegas brincam e facilmente se dispersam, ela calma e serenamente anda experimentando peças ao puzzle, ou pinta encantada qualquer desenho. Ser metódica e organizada não faz parte das minhas caracteristicas, facilmente me canso de trabalhos de muito pormenor e sinceramente, embora ache que seja optima esta capacidade de concentração e método, desejava que tivesse mais contato com as expressões e desenvolvesse a sua criatividade e espirito critico, coisa que na sala não é muito valorizado, infelizmente.
Então cabe-me ajudá-la a buscar o equilibrio, porque facilmente se fixa nestas tarefas.
Já consegui que secundarizasse a competição e o 1.º lugar e já vai dizendo que "ganhar ou perder é desporto". Não quer isto dizer que não queira ser a melhor a fazer as coisas. É muito esforçada, tenta, tenta, tenta até aperfeiçoar e conseguir fazer o que se ela própria se auto-propõe.
Ontem, quando fui buscá-la as auxiliares estavam muito contentes que tinha sido a melhor a fazer o desenho do pai. Mostraram-me e realmente fiquei admirada com o pormenor do desenho da figura humana, uma evolução assim surpreendente em tão pouco tempo. Pelos vistos, vai perguntando como se faz os braços e o corpo e vão dando instrucções que encaixam na perfeição no desempenho dela.
Chegada a casa, não satisfeita quer ir desenhar num quadro branco magnético que tenho na zona das brincadeiras... Brinco com ela, eu faço o meu, ela faz o dela enquanto a irmã rabeia por ali.
Vai olhando para o meu e quer imitar. Mas apaga constantemente todo o desenho, porque saiu o risco fora ou não saiu como ela queria. Apaga e apaga vezes sem conta completamente fixada naquilo.
Tento descontrai-la e então explico como faz, vou desenhando risco aqui, fecha acolá e ela segue encantada.
Depois do trabalho feito, quer ser ela, sozinha a fazer outro. Voltam os nervos, o apagar vezes sem conta completamente neurótica. Se lhe dou alguma dica rejeita, se acrescento algum traço apaga... e não sai do ciclo vicioso. Tenho que acabar o jantar e deixo-a no quadro. O pai nem liga...
Olho para ela e soluça com lágrimas grossas a escorrer-lhe pela cara, num sofrimento silencioso. Até me corta o coração. É que a miuda stressa mesmo... Baixo-me e abraça-me forte na busca de consolo.
Limpo-lhe a cara e acalmo-a. Mas persistente, olha-me num suplicio de querer fazer, acabar, sozinha e sem ajuda. Quer orientação mas rejeita ajuda. Mau mau... estou feita... É preciso saber aceitar ajuda...
Por fim, eu em linguagem gestual dou-lhe as dicas e ela acaba por fim o desenho: de cara vermelha, ranho à bica e quase às 8:30h da noite, com o prato de sopa já frio à sua espera.

1 comentário:

Dina disse...

Bem o meu tambem é assim - menos a parte de chegar a casa e querer ir desenhar porque isso ele nao gosta. Mas quanto a letras e numeros faz e apaga inumeras vezes zanga-se, berra etc. e ás vezes aceita ajuda outras não quer mesmo. Desenhar e pintar um desatino e tenho que ser eu a fazer com ele. voltamos á escola pois!
beijocas