Aos teus 4 anos

vais a uma festa de aniversário de uma amiguinha da escola. Quando chego, lá estás tu, sossegada a pedir uma fatia de bolo de aniversário.
Chego com a tua irmã que traz um balão preso a uma fitinha. Este vem da nossa casa e é oferecido por uma amiga nossa que fez aniversário no fim de semana....casa que tu vais, e brincas, estabelecendo uma relação simbólica de afeto com este balão.
De manhã, a tua irmã Eva lembra-se de levá-lo para a escola e fica o dia preso ao seu cabide.
Chegamos, como disse à festa, e no meio da loucura de doces, a tua irmã agarra-se a uma espetada de doces e larga o balão. Segundos depois uma menina passa e apanha-o, oferecendo a uma pequenina que por ali andava.
O teu rosto, filha, gela e fica esculpido de lágrimas sofridas. Parece que levas uma machadada no coração e desatas aos prantos... Digo-te que não faz mal, que te dou outro, mas estás em choque, e olho em direcao à sala em busca de um outro balão que possa dar à menina, para ela me devolver o vosso.
Finalmente acalmas. Ato-te o balão ao pulso e ainda soluças.
Olho para a tua irmã que anda sozinha no salão descansadinha da vida, sem se preocupar minimamente com  a tensão emocional envolvente. Acalmas-te e então olho para a tua mana toda "labuzada" e vamos ao wc lavar as mãos. Estás mesmo junto a nós, mas não deves ter-te apercebido.
Regresso e lá estás em soluços procurando por mim. Uma festa de aniversário, onde devias te divertir e parece um autêntico pesadelo.
Depois disso, está na hora de sair. Mas ainda sofres mais, porque a menina pequena topou o balão no teu pulso e vem direito a ti para to tirar! Ai meu Deus, cai o carmo e a trindade.
Fica tudo a olhar para ti, para nós, estupefactos por verem esta faceta tua, desconhecida para tantos...

Esta tua postura preocupa-me quando penso que não tarda vais para a pré-escola publica. Só me vem à cabeça, um par de miudos a correr e a xutar um caroço de azeitona e tu feito medalena, em prantos no meio deles para salvar o carocinho.