terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Quem me dera

ter um gravador! Para puder gravar como se desenrolam as nossas conversas e mais tarde, puder escutar, as vezes que forem necessárias...
Escutar os nossos filhos não obdece a nenhuma ciência exata, até porque cada criança é diferente e quem melhor que os pais para as compreender? Quem melhor as conhece? Sabe quais as suas caracteristicas, aquilo que mais gosta, o que evita, o que tem medo, o que a excita?
Aprende-se a escutar, vai-se por tentativa e erro, às vezes por intuição, mas a maior parte das vezes chega-se ao caminho certo explorando, avançando, recuando...

Está na hora de enfrentar os nossos receios e as inseguranças e pensar duas vezes antes de abrirmos a boca para reprimir os nossos filhos, para lhes anunciarmos que isto não PORQUE não, ou FAZES isso PORQUE estás perdido de sono, ou QUERES gritar vai para o teu quarto.

Afinal e a criança? Não tem uma palavra a dizer? Resultado: muitas vezes deixam de confiar em nós, desafiam-nos com birras mais elaboradas e mais tarde, quando o tempo passar, acabaremos por chegar à conclusão que cada vez ELES estão mais distantes de nós, e não sabemos como chegar até eles, porque começam a evitar-nos, desvalorizam as nossas atitudes e preocupações e porque? Porque não soubemos DAR, RECONHECER, ACEITAR E RESPEITAR.


Mas como é que isso se faz?

Treinando, todo o santo dia... Mas para isso temos que estar nós proprios disponiveis para OS ouvir, e para isso, temos que nos desfazer de velhos hábitos que apenas servem para nos afastar dos sentimentos, do mundo afetivo das nossas crianças e, por sua vez, da própria criança que fomos.

Eu aprendo todos os dias com as minhas filhas. Não é fácil, eu sei! Há dias em que sentimos um frenesim percorrer o corpo e esperamos AQUELA oportunidade para extravasar, deitar cá para fora tudo, e aquele pequeno ser está mm à mercê, prontinho para nos fazer perder o controlo!

Depois vem a culpa, o desconforto, a saturação e o cansaço... e andamos presos a esta roda viva que gira, gira... mais do mesmo.



Regra n.º 1:Esqueçam os PORQUES, optem por simplesmente acompanhar a conversa com um "ah sim?... humm, e dps?:"Mãe tenho medo de voar" dizia-me hoje a Carmen

"ah sim?"

- "sim... "

"então"?

"A Carmen voa para longe e dps não consegue voltar"...

ãhhh"

" A Carmen queria ser um pássaro, a Carmen tem medo mãe"

"Eu: Gostas de voar filha, queres ser um pássaro...

Ela: Sim... queria voar, não faz mal mãe?

Eu: " Voar é bom... se quiseres podes voar...

Ela: Mas a carmen tem medo...

Eu: Hummm... então a mãe poe um fio no pézinho para puxar como ao nosso papagaio, assim a Carmen não desaparece, volta do céu...queres voar assim?

Ela: Voa comigo mãe

Eu: Aconchego-a à minha frente e abro-lhe os braçinhos e imitamos o voo dos pássaros, faço-a sentir o vento na cara....

E assim se acolhe os pequenos medos dos nossos filhos, reconhecendo-os, sem julgar...Se eu não acompanhasse o seu sentimento, e simplesmente lhe perguntasse porque tem medo, que não há razão para ter medo, talvez não tivesse a oportunidade de partilhar com ela este momento!

E porque não pensar um pouco sobre isto? E porque não optarmos simplesmente por ouvir? Experimentem! Verão como vão entrar num mundo totalmente novo... o mundo visto e sentido pelos nossos pequenos!

2 comentários:

Dina disse...

Obrigado por esta partilha. Despertou-me sentimentos. Se por vezes tenho disponibilidade para o ouvir olhos nos olhos tb ás vezes fruto do frenesim diário isso nao acontece - e nessas situações podes crer que as birras se sucedem. Ainda ontem foi um desses dias - so depois de me sentar um pouco com ele num "Chorriso" que variava entre choro e riso ele acalmou e o resto a noite ficou bem. Disponibilidade para ouvi-los tb ja percebi que é o mais importante...e ás vezes basta uns minutos. Aprendemos com eles todos os dias a viver e dar importancia ao que realmente importa .

Beijos ás princesas

ana disse...

É mesmo isso! Nos dias em que não tenho tempo para poder ouvir e conversar com a Ema, além de ficar com sentimento de culpa, as coisas correm mesmo pior. E ela gosta tanto das suas rotinas que qd não há tempo para as ter, fica mesmo desconcertada. Ontem consegui chegar cedo a casa, tratei logo do jantar, banho e dp fomos para a sala ver o Panda (bem sei que não é o ideal, mas ela adora) e estivemos quase 1 hora abraçadinhas a ver os bonecos e a conversar, foi tão bom, ela adorou!!
bjss