quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Espalhar magia

Caminhando em direcção à saida do infantário com as minhas meninas pela mão, fazemos uma paragem para o chichi da carmen.
Elogio a bola brilhante que leva no dedo_: o convite para a festa de natal, que exibe orgulhosamente.
Falamos, entretidas e empolgadas do pai Natal e na noite de Natal. Um menino de 4 anos entra no wc, e interrompe a nossa conversa dizendo: "O pai Natal não existe" - com um ar de como é possivel alguém acreditar que o pai natal existe, ISSO É MENTIRA!
A carmen olha para ele admirada e eu admirada fico e dirigo-me a ele dizendo: "Existe sim!" É um sr. gordinho, com barbas branquinhas e fofinhas e..." sou interrompida com um "Não existe não", repetido várias vezes.

Percebi, que naqueles olhos não brilhava a fantasia! Será que isto é possivel? Uma criança de apenas 4 anos, acabadinhos de fazer, abrir mão de exercitar a sua imaginação, NEGAR-SE OU SER-LHE NEGADO o prazer e felicidade de criar e recriar momentos mágicos?

Evoco lembranças do passado... Recordo-me da botinha que deixava debaixo da chaminé, por cima do fogão. Recordo-me da euforia e da noite que levava horrores a passar para dar lugar ao dia. Que felicidade imensa! A bota estava recheada de chocolates e das minhas "bombocas de côco" preferidas. Os embrulhos eram rasgados rapidamente. Lembro-me de agradecer ao pai natal por ter lido a minha carta e me ter trazido aquelas prendas tão desejadas.

Então sinto necessidade de intervir e empolgada continuo:
" Mas na casa da Carmen existe o pai Natal não é filha?" Vamos pendurar a nossa bota na lareira.. (arregalo os olhos e dramatizo a descrição que faço). O pai natal depois desce a chaminé e deixa uns chocolatínhos e tira algumas prendinhas do saco...(os olhos do menino começam a brilhar e a crescer, mas logo dispara: DIZ ELE: " desce a lareira e queima o rabo"
mas eu continuo a história e viro-me para a Carmen", não queima pois nós temos tudo preparado para a sua chegada e na noite de natal não acendemos a lareira para ele poder descer à sua vontade"...
Olha menino, como te chamas? Espero que o pai natal te dê umas prendinhas... e entretanto a Eva "foge" e a conversa fica por ali.

Tive um misto de sentimentos: 1.a reacção foi sentir-me desafiada e consternada, pois a situação em si mexeu com a minha criança interior, mas logo estes sentimentos deixaram-me a pensar que agora, nos tempos que correm, mais do que nunca é necessário espalhar magia.
A fantasia é fundamental para o desenvolvimento da criança, basta pensarmos que o poder da imaginação é uma das ferramentas mais importantes do cérebro humano! Capacita-nos intelectualmente, molda e clarifica emoções. E é com esta simples formula que se germina a criatividade, e se evolui como pessoa.

Por isso mesmo, é urgente entrar nas brincadeiras dos nossos filhos. Cultivar a imaginação, criar suspense, autorizar a criança a entrar no mundo da ficção, sem receio!
Porque uma criança saudável sabe perfeitamente separar a realidade da ficção e a seu tempo, sem pressas, elas se aperceberão que aquelas queridas personagens fazem parte do seu imaginário, e não, não se sentirão enganadas por nós!

Favor brincar, sem censura e sem medo de sujar a calça ou estragar o sapato.





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