terça-feira, 30 de setembro de 2014

Feira

Ontem era o ultimo dia de feira na minha cidade. Mas poder-se-á apelidar de feira, um amontoado de carroceis e uma dúzia de bancas com peúgo e malas?
Lembro-me que no meu tempo, sonhávamos com a feira. Era inicio de escola, marcava o inicio do Outono, era tempo de receber as "feiras" comprar alguns doces que só via na feira, tentar a sorte nos peluches. Deleitar-me perdida no tempo com os vendedores ambulantes do microfone, que vendiam mantas, toalhas e tudo o que se podia imaginar, onde se amontoavam pessoas naquilo que era um espetáculo de venda que só se via nas feiras.
O cheiro a ovas de polvo misturado com os churros. A velhinha Selva ainda perdura! mas os póneis que andavam num carrossel vivo esse está extinto e também já não se vê o circo na feira.
Pelo menos aqui. Na minha infância eu morava a metyros da feira e era uma loucura atravessar a linha do comboio e ir correndo comprar fichas para os carrinhos de choque!
Ontem, depois de muitos e bons anos voltei a andar de carrinhos de choque com as miúdas! O pai com uma, eu com outra! A pequena não achou piada, mas a maior delirou quando me fazia marcação cerrada compreendo o objetivo da "brincadeira"!
A feira extingui-se no meu concelho. Não se viu mais feira nos últimos anos. Foram enxotando os feirantes daqui para ali, a feira perdeu o seu encanto e interesse.
Este ano decidiram ressuscitar a feira, mas aquilo não era feira.
Comeram pipocas, andaram no carrocel, provei o pão de chouriço quentinho de lenha e pronto.
Fomos embora. Brevemente inicia-se o ciclo de feiras em outras cidades, cujo tempo não apagou a tradição. Sei bem que os tempos mudaram. Que as pessoas já não precisam de ir à feira para encontrar aqueles materiais ou produtos que só se conseguiam nas feiras.
Mas ao menos, que sirvam para passear, proporcionar momentos de nostalgia aos adultos e felicidade às crianças.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Domar os instintos

Nas minhas reflexões sobre educação, tenho lido literatura variada, e uma das coisas que  captou minha atenção foi sobre o destaque às funções do nossos cérebro reptiliano.
Por outro lado, alguns autores falam de sair de cena (positive time out), coisa que tento fazer.
Ultimamente, e felizmente, tenho conseguido gerir o dia a dia com elas sem grandes tensões.
Mas existem circunstâncias que automaticamente accionam meu gatilho impulsivo, e como alguns peritos recomendam ( não reagir nos 30 segundos posteriores à situação) não me parecem ser suficientes. Meu cérebro reptiliano é terrivelmente acordado!

Trocando por miúdos: 
face a ter que gerir idas ao campo para manter a casa (regar o jardim (...) e não ter tempo para ir eu sozinha tratar das coisas, pois a maior sai muito cedo da escola, não me resta alternativa do que, trazê-la a casa, dar-lhe o lanche, orientar TPCs, ir buscar a irmã, e depois por ser de caminho, irmos à casa do campo....
Acontece que inconscientemente já estou à espera de resistência, afinal isso quebra as rotinas dela, que já está cansada e prefere ir para casa, então essa recusa inflama automaticamente o meu humor e não consigo mastigar estas birras em que me diz que detesta a casa do campo, que não quer ir, que esperneia e pontapeia o banco do carro.
Também sei, que esta é a sua primeira resposta, porque quando lá chega, fica fascinada pela terra e pelas ervas e pela água e agarra-se logo à brincadeira.
Mas isto inflama-me tanto, e parece uma sirene de um carro que ensurdece tudo e todos, que se cala, mas volta a soar o alarme instantes depois vezes e vezes sem conta
Como domar isto? Mas por que motivo não consigo ter serenidade mental para ter paciencia e não acender esta chama interna?
Moral da história: fui regar o jardim, ela quis, como previsivel brincar e eu não deixei, ela não queria obedecer-me, mas fui firme, lamento a aspereza, mas em situações tensas (por vezes) não consigo ser firme e calorosa. Exprimi o meu desagrado por ser sempre um problema ir a esta casa, e dei-lhe a escolher se queria ficar por mais tempo na escola enquanto eu me ocupo das minhas tarefas e obrigações, OU ir comigo e ajudar-me nestas tarefas. Elas só me diz porque estou tão chateada e que amanhã já não me lembro... por fim pede desculpa. Eu sublinho que a adoro, mas que fico chateada com essas birras que faz.
Não seria mais fácil, ter discernimento para não me inflamar à sua primeira reacção de recusa? 
Treinar, treinar, treinar.... um dia vou conseguir!

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Reflexão do dia


As relações afetivas constroém-se, não são fruto do mero acaso....
As pessoas vivem emocionalmente distantes, ora alienadas, ora sofrendo pelo problema dos outros e ignorando-se a elas próprias.
Vivem silenciando as suas emoções, porque só a elas diz respeito.
Querem união, valorizam laços de sangue, como se as emoções não tivessem que ser regadas, hidratadas e oxigenadas...
Vivemos na era do Ter, das comparações e da competitividade....
Não é dificil concluir que vivemos sós, insatisfeitos e vazios, com medo de fracassar e não ser suficientemente amados e reconhecidos...
Adoece a natureza básica do ser humano, vivemos em desequilibro.
E a felicidade floresce de coisas tão simples e gratuitas... como olharmos para as nossas crianças interiores, desligarmos por momentos as televisões, os ipads, as playstation e reaprendermos a admirar as coisas simples da vida.
Para além da constatação, é urgente (re) agir.
E as nossas acções deveriam começar em casa, com os nossos filhos. Porque não deixarmos a cozinha desarrumada e nos sentarmos no chão com as nossas crias a conversar, brincar, tocar, beijar (...)
porque não deixar o passeio ao shopping e caminhar na natureza?
Há tantos prazeres grátis que desaproveitamos...
Não procurem no exterior e em terceiros, aquilo que é imperativo começar em casa
Eu estou tentando, com erros e aprendizagens, fazer a minha parte, e vocês? 

Por Carla Santos
Psicologa Clinica

Projetos

que sentido tem a vida se caminharmos em direcção a nada?

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Mes depois de promessas

jogadas na chuva...
acontece que a vida por cá tem sido um rodopio de emoções, novidades e readaptações que me ocupam as maiores energias diárias.
Depois de 1 mês que prometi voltar à escrita, muito aconteceu.
Minha casa de campo está mais que pronta. Estamos decidindo partir para a area exterior. Fazer um jardim, plantar algumas plantas e arvores e.... projetar algo com agua. O meu marido é que se tem ocupado destes planos e anda estudando qual a melhor opção em termos qualidade/preço. Logo chega mais uma fase de trabalho, mas nós nos movemos por isto! que fazer?
Para além das filhotas terem reiniciado a escola, a minha mais velha entrou para o 1. ano. E todas as minhas energias se tem dedicado a esta fase, para amenizar esta transição, mas também para eu ter uma oportunidade de sarar minha infância, meus 1.ºs dias de escola, que foram  com lágrimas e ansiedade, pois a minha pré-escola foi a rua, o barro, a terra e os vizinhos, nem num lápis eu sabia pegar.... então eu tenho dialogado muito com a minha filha, a fim de nos sintonizarmos uma com a outra. Para já não tem corrido mal. Ela entra cedo na sala de aula e na 2ª semana começa a mostrar um pc mais resistência para se levantar.
De saúde vai bem. Repetiu os exames aos ouvidos e o verão fez milagres! Ouvidos limpinhos, mas com a indicação de estar mto atenta as constipações, ranhos e afins.
Também as minhas filhas completaram os seus aniversários: a pequena 4 anos, a maior 6!
A pequena é um ser de luz sereno e tranquilo, continua pequenina, é a minha morena. Não se ressentiu tanto como o regresso, porque se manteve na mm sala, com as mesmas educadoras, mas é claro que a sinto mais carente, que precisa de mais mimo e atenção.
Quanto a mim, aos poucos vou conseguindo retomar algumas coisas que me dão prazer: o meu espaço ao almoço para treinar e ficar despachada para o resto do dia. Continuo a trabalhar a part-time, continuo a ser uma mãe a quase tempo inteiro. Portanto qualquer esforço que eu faça é para regar a nossa relação. Não quero que as minhas filhas sejam insatisfeitas e famintas pelo TER, por isso a minha missão será sempre jogar-me aos desafios e exigencias do tempo moderno, de forma a calibrar tanta incoerencia na educação.
Fora isto, sou pouco exigente, desde que consiga ter algum tempo para algumas coisas que quero voltar a fazer, como fotografar, tudo ok.
Vou aparecendo. Bons recomeços para todos